terça-feira, 30 de março de 2010

Academias usam rolo para adaptar o Método Pilates




JULLIANE SILVEIRA
da Folha de S.Paulo

Um colchonete e um rolo de espuma de alta densidade (além de um MPB como fundo musical, para animar) resumem uma nova forma de executar as posturas inspiradas na técnica de pilates: pilates com rolo. A proposta é adaptar os exercícios que foram desenvolvidos por Joseph Pilates nos tradicionais aparelhos para outro acessório, como já é comum com a bola suíça, por exemplo.

Para Alessandra Dianin, professora de Pilates da academia Bio Ritmo, em São Paulo, o rolo ajuda o aluno a manter a consciência do corpo durante todos os exercícios, já que, se o tronco ficar torto, dificilmente será possível se manter equilibrado sobre o acessório. "Também é possível trabalhar com todos os níveis de dificuldade em uma mesma aula", acrescenta.

Foi o que constatou o analista de sistemas Carlos Eduardo Bitencourt, 36, que pratica pilates há seis meses e aderiu à técnica há um. Como pratica corrida seis vezes por semana, buscou uma atividade que o ajudasse a alongar mais a musculatura e a treinar o balanceamento corporal, como complemento ao esporte. "O rolo trabalha mais com o equilíbrio, a todo momento você pensa que pode cair. Também mostra a postura que devo atingir, pois, se faço os movimentos de maneira errada, me incomoda, meu corpo dói", diz o atleta, que pratica pilates duas vezes por semana.

"Tudo isso é feito para que o praticante mantenha controle dos exercícios e da postura. Quando o controle é maior, o trabalho é mais intenso", afirma Dianin.

Técnica questionável

Mesmo com benefícios positivos, o Pilates somente com rolo e outros acessórios é visto com receio por especialistas da técnica tradicional. "Acho importante não confundir. Os exercícios podem até ser inspirados por aqueles que foram desenvolvidos por Pilates, mas não é a mesma coisa", argumenta Inelia Garcia, diretora do Pilates Studio Brasil. Ela considera os exercícios realizados no rolo uma adaptação distante do método tradicional e que o instrutor deve ter uma formação em Pilates Studio para aplicar a técnica com segurança.

Ela diz acreditar, no entanto, que variar os aparelhos durante a execução da técnica é melhor do que uma aula inteira com o mesmo acessório. Um Studio especializado deve possuir diversos acessórios e de preferência, todos os 5 aparelhos de Joseph Pilates (Wall Unit, Reformer, Cadillac, Wunda Chair e Ladder Barrel) para permitir uma aula mais diversificada e completa, o que leva a um maior retorno físico e consciente para o aluno.

"Esse acessório ajuda na execução de exercícios importantes, que trabalham força, controle e coordenação motora. Pode ser interessantíssimo na ginástica e ser um agente motivador, mas isso não faz com que academias que utilizam somente o rolo ou bola suíça possam ser chamados de Pilates", acrescenta.

Não é possível esperar os mesmo resultados do Pilates em aparelhos tradicionais no uso do rolo. "No Pilates, o corpo vai criando uma organização postural e leva a uma melhora de funcionalidade. O corpo se prepara para executar de forma clara os exercícios", diz Garcia.

A especialista ainda ressalta os riscos para quem tem dor lombar, problemas nos ombros e sobrepeso. Essas pessoas podem sofrer lesões durante a prática de exercícios no rolo se não tiverem bom domínio do próprio corpo, adquirido pelo trabalho prévio nos aparelhos e uma orientação especializada de um fisioterapeuta.

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